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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O MOVIMENTO SINDICAL E SEU DESENHO ATUAL: do equívoco ao oportunismo.

A chegada de Lula ao governo federal fomentou a seguinte discussão no seio do movimento sindical, especificamente, nas correntes e tendências dos sindicatos cutistas, mas não somente dos sindicatos ligados a CUT, insira-se no caldeirão a CTB, CONLUTAS/INTERSINDICAL... a pergunta que estava no ar era, que tipo de atuação seria desenvolvida pelas centrais? Visto que, tratava-se de um governo de esquerda, se não em ideologia e/ou projeto de governo, é inegável que ao menos em origem, afinal de contas, a história do chefe do executivo que chegava ao poder sempre esteve ligada a classe trabalhadora e as vertentes ideológicas ligadas ao Socialismo.

Superada a fase das indefinições optou-se por dar sustentação ao governo. E os lideres sindicais entraram numa espécie de estado de indiferença a cerca das questões de impacto sobre a vida da classe trabalhadora, sem dúvida, foi um período de grande desgaste dos sindicatos com suas bases, pois essas eram dissuadidas que o momento era delicado e que era um risco ir pra cima do governo, pois a classe dominante do país estava alerta, esperando um deslize do governo para encabeçar um movimento de destituição do mesmo.

Ledo engano, o tempo mostrou que estes sindicalistas estavam errados sobre a idéia de atrelar a classe trabalhara como se esta fosse correia de transmissão do governo, ao invés de pressionar este mesmo governo para votar as reformas políticas e sociais urgentes para o Brasil e para a “classe-que-vive-do-trabalho”. Daí, enquanto o movimento sindical silenciava e perdia espaço nas mobilizações nacionais a classe dominante sufocava o governo exigindo o atendimento dos seus interesses: incentivos fiscais, auxílios financeiros, et cetera; fato que obrigou o governo federal a estabelecer alianças políticas para manter a governabilidade, ao passo em que descaracterizava seu projeto de governo inicial de foco na classe menos favorecida.

Nessa correlação de forças que se estabeleceu o governo ficou sem o apoio popular necessário para encaminhar ao Congresso Nacional e aprovar as reformas as quais o Brasil necessita urgentemente, a saber, reforma política, tributária, sindical e por que não citar a própria reforma agrária, dentre outras. Enquanto isso, as centrais abandonaram as lutas e deixaram de cobrar do governo, fato este, que nunca deveria acontecer, gerando assim, desequilíbrio na correlação de forças em atrito historicamente no país. Por conseguinte, houve redução nos gastos públicos e perdas de direitos sociais, compensados com paliativos econômicos concedidos pelo governo federal com fins, exclusivamente, eleitoreiros e tidos como privilégios por alguns, numa clara demonstração de erro de condução, quando se optou em sobrepor a política partidária sobre o movimento trabalhista, retirando deste a sua autonomia e força de transformação social, além de adiar/desestabilizar aquele que seria o início de uma caminhada rumo ao socialismo, ou a uma democratização social.

Fato é, que a maioria dos sindicalistas ao optarem em dar sustentação ao governo atrelando os sindicatos e as centrais aos partidos proporcionaram retrocessos gratuitos à classe trabalhadora. E, no segundo governo Lula, quando se esperava uma mudança de postura o que se viu foi um aprofundamento dos erros do primeiro governo, dirigentes sindicais que foram cooptados para o alto escalão do governo num primeiro momento, instantaneamente, retirou a possibilidade dos sindicatos preparar novas lideranças, dessa forma, relegou o sindicalismo ao amadorismo de pessoas bem intencionadas, porém sem habilidade para dialogar com as bases, com os patrões e com o próprio governo. A quem coube a terefa de partir pra cima do governo? Os partidos de oposição, alguns nanicos, outros sem credibilidade e desgastados, todos,  munidos de uma fé quase fundamentalista, sem contar as centrais ligadas aos partidos de oposição ao governo e, por sua vez, sem espaço no alto, médio e baixo escalão, sem mão na cabeça e tapas nos ombros.

Consequentemente, se estabeleceu entre os líderes sindicais, militantes históricos, uma corrida em direção as tetas do governo, que, diga-se de passagem, abundam regalias. A pergunta que se faz é a seguinte, como não cair no casuísmo de taxar esses militantes de traidores? De pessoas, que rasgaram suas historias de lutas para vestir os ternos de grife e se trancarem nos gabinetes da burocracia? Será que o equívoco conduziu o movimento sindical ao oportunismo, ou este precede aquele?


José Ailton Santos










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