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quarta-feira, 21 de julho de 2010

Servidores protestaram contra a insegurança

Servidores dos Correios fizeram uma manifestação, na manhã do último domingo, na Orla da Atalaia com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para a quantidade de assaltos ocorridos nas agências. Conforme o Sindicato dos Trabalhadores na Empresa Brasileira de Correios, Telégrafos e Similares do Estado de Sergipe (SINTECT/SE), só este ano já ocorreram 24 assaltos. Em 2009, foram 39 e em 2008 cerca de 27 assaltos. Além disso, nos últimos cinco anos, três pessoas morreram durante os assaltos em agências dos Correios.
Durante a manifestação, o Sindicato começou a fazer um abaixo-assinado, que ainda esta semana será levado ao Ministério Público Estadual, para que os promotores de Justiça possam pedir à empresa que invista em equipamentos de segurança. “Existe um processo no Ministério Público desde 2005, que exigiu que fossem retirados das agências os policiais militares. Foi dado um prazo de um ano, mas a determinação foi cumprida depois de dois anos. A partir daí, as agências não tiveram mais segurança”, reclamou José Ailton Santos, um dos diretores do Sintect/SE.
Mas conforme o assessor de comunicação dos Correios em Sergipe, Ginaldo de Jesus, em todas as agências existem vigilantes particulares, inclusive armados, além de alarme e circuito interno de televisão. Ele explicou ainda que hoje começará um novo treinamento de qualificação dos vigilantes e que existe um estudo, tramitando em Brasília, para melhorar a segurança de todas as agências dos Correios espalhadas pelo país. “Ainda não sabemos quais serão as propostas, mas estamos aguardando a conclusão desse estudo”, garantiu Ginaldo.
De acordo com o Sintect/SE, o sistema interno de TV utilizado atualmente não capta as imagens com nitidez, o que prejudica a identificação dos assaltantes. “Outros equipamentos de segurança devem ser instalados, como portas giratórias e detectores de metais”, opinou José Ailton. Ele disse que em outros Estados vem acontecendo investimentos nesse sentido. “No Paraná, por força de uma decisão judicial, a empresa teve que instalar os equipamentos de imediato. No Mato Grosso, a diretoria regional instalou com recursos próprios. Então, cai por terra a informação passada pela nossa diretoria, que não há orçamento”, enfatizou.

Morte

No dia 22 de junho deste ano, Flávio Santos Oliveira Matos, de 29 anos, escrivão da Polícia Civil sergipana, foi morto, na porta da agência dos Correios da cidade de Frei Paulo, ao tentar evitar um assalto. No mesmo dia, em Aracaju, outro assalto foi registrado, dessa vez em uma agência localizada na Avenida Augusto Maynard. Dois adolescentes, munidos com armas de fogo, entraram na loja perguntando a atendente se eles faziam Cadastro de Pessoa Física (CPF). Como a agência estava muito cheia, voltaram minutos depois e levaram R$ 100, além de um aparelho celular de um funcionário.

FONTE: http://www.jornaldacidade.net/2008/noticia.php?id=71264

domingo, 18 de julho de 2010

Funcionários dos Correios protestam contra a falta de segurança nas agências

Os funcionários dos Correios de Sergipe estarão reunidos neste domingo (18), na Orla de Atalaia, realizando uma manifestação contra a insegurança que a classe vem sofrendo e contra as mortes e sequelas provocadas pelos assaltos às agências dos Correios em todo o Estado.
Organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores na Empresa Brasileira de Correios, Telégrafos e Similares do Estado de Sergipe (SINTECT/SE), a passeata terá concentração nos Arcos da Orla, a partir das 08h30, e espera reunir mais de 500 pessoas, dentre funcionários e familiares.
De acordo com o presidente do SINTECT/SE, Orlando Sérgio Lima, o número de assaltos às agências dos Correios em Sergipe vem crescendo a cada ano. Só em 2010, já foram contabilizados 24 assaltos, dentre eles o ocorrido no município de Frei Paulo, incidente que ceifou a vida de um policial civil, além do seqüestro relâmpago do gerente da agência do município. "Os funcionários dos Correios vivem com medo dos assaltos, não temos segurança nenhuma.A população sabe do que eu estou falando, porque elas também se sentem assim dentro das agências dos correios", afirmou Sérgio Lima.
Para o Secretário de Política e Formação Sindical do SINTECT/SE, José Ailton dos Santos, os casos são bem mais graves do que se possa imaginar. "Muitos funcionários já foram afastados provisoriamente do trabalho, em virtude do estado de choque provocado pelo trauma dos assaltos. Muitos não conseguem retornar ao posto de trabalho, provocando a aposentadoria precoce deste trabalhador", acrescentou Ailton.
Para conquistar mais segurança e melhores condições de trabalho, o Ato reivindica que a empresa Correios preste mais segurança às agências, através da contratação de seguranças armados, e da instalação de portas-giratórias, detector de metas, circuito interno de câmeras e todo o aparato necessário para fazer a segurança de uma agência bancária comum. "Nossa reivindicação é legítima. Além da violência que os funcionários dos Correios estão suscetíveis a sofrer, nós ainda recebemos o reflexo da indignação da população quando ela também é alvo desses abusos", alegou Sérgio.

FONTE:http://www.atalaiaagora.com.br/conteudo.php?c=14693&sb=1

terça-feira, 13 de julho de 2010

PARTIDÁRIOS DE QUEM...

Caro Alexandre,

Permita-me insistir no debate, primeiramente, gostaria que falasse um pouco mais sobre o que você acreditar e entende por Democracia Liberal, pois, quero não acreditar que esse troço, que envolve palavras tão antagônicas como Democracia e Liberalismo, seja simplesmente, “cada qual vota em quem quiser de acordo com seus princípios e inteligência e sem ter que dar satisfação a ninguém”. Sinceramente, pensar que num país onde 54 milhões de pessoas – não posso, nem chamar de cidadão – vivem abaixo da linha da pobreza, miséria total, sem falar que estou me referindo a quase um terço da população brasileira, e, daí a pensar que esses se encontram em condições de discernir qual candidato é melhor para o país, talvez, o amigo desconheça o mundo da semiótica dos discursos publicitários, da informação e contra informação.
Eu pergunto a você, o que leva tantos homens – e, recentemente, vem crescendo o número de mulheres - a consumirem tanta cerveja e cigarro? Permita-me mais uma vez viajar pelo mundo fascinante da especulação – de fato, não dar para saber como seria um governo Nazista pós 2ª Guerra, afinal, não foi esse o resultado, mas pelas características, ideologia, e pelos anos do governo de Hitler dar para imaginar como... ou melhor, não é bom nem imaginar – porque será que existem campanhas publicitárias de cerveja e, costumeiramente, sempre associadas a imagem da mulher como elemento central? Será pelo elemento da sedução? Se as pessoas bebem cerveja, porque é fruto de uma escolha individual e que "não tem que dar satisfação a ninguém", porque será que as cervejarias e a indústria do cigarro investem – é assim que consideram, como um investimento - tanto em publicidade.
Caro Alexandre, desde nossas falas, nesse simples dialogar, até os discursos políticos partidários, todos estão carregados de intenções e significados, que às vezes os ignoramos e reproduzimos inconscientemente. Daí, pensar que precisamos investigar melhor os fenômenos que envolvem os Discursos, para que possamos extrair as idéias claras e as que se apresentam de forma implícita, ou subentendida.
Então, não podemos ser ingênuos ao ponto de achar, que certos problemas não são resolvidos “porque, simplesmente, não há interesse em resolvê-los”, ora, interesses é o que não faltam, e são os mais variados possíveis, o problema é conciliar esses interesses e de quebra realizar o pretendido, pois tudo depende da correlação de forças em jogo no momento. Talvez, isso também está no mundo fascinante da especulação, o LULA até tenha interesse em fazer o projeto social defendido por seu governo, a questão é que a realização desse projeto entra em choque com os interesses das forças, que são condições sine qua non para a existência do governo do PT.
Por fim, no tocante a questão do sucesso administrativo do grupo do sindicato da nossa categoria, segundo sua opinião, é fruto dos dirigentes se manterem apartidários e livres, abro um parêntese, apartidários nunca fomos, apenas, não éramos, nem somos filiados a nenhum partido político, já, quanto ao fato de sermos livres – liberdade é uma coisa, que se a possuímos corremos risco e, se não a temos, estamos na mesma situação – penso que seja o ponto fundamental e que se traduz em não subordinar os interesses da categoria em detrimento do partido, ou pessoa. Contudo, não posso deixar de reconhecer que nossa luta, a partir do momento em que ignorarmos os políticos, os partidos, ou as siglas, será limitada, porque todas as questões se resumem a política, como bem disse Aristóteles, todo homem é por natureza um animal político, Zoon Politikon. O fato fundamental para expandir os horizontes da nossa categoria, seria, com quem e em que condições, podemos estabelecer aproximações com políticos, ou com partidos políticos, talvez, se os trabalhadores dos Correios fossem mais politizados, difícil seriam nos manter “apartidários” e “livres” da política em qualquer esfera.

 
Um forte abraço,
José Ailton





domingo, 11 de julho de 2010

DILMA, SERRA E A CHARGE PROSTITUTA DO NANI.

Prezado Alexandre,


Poderia começar dizendo que não sou filiado ao PT, tão pouco, a outra sigla, contudo prefiro começar afirmando, que sou, inevitavelmente, partidário, e como tal, prefiro o Governo em exercício em lugar do governo anterior, ou mesmo, ao candidato atual do PSDB, logo, metaforicamente, prefiro pão com ovo no café da manhã a ficar em jejum.
Bem, vejamos, não discordo de você sobre o fato dessa discussão está relacionada a nossa luta – inclusive, sou defensor de que seja feito um trabalho sério de formação político-eleitoral com nossa categoria - porém, não vejo problema, quanto ao fato da prostituição passar a ser uma profissão, penso, que, no mínimo, vai garantir direitos sociais e previdenciários a um grande número de mulheres, ou melhor, “profissionais do sexo”, talvez, sua opinião reflita um conservadorismo classista, que vêem perpetuando injustiças sociais e que reforça um (pré)conceito em relação as mulheres, o que contribui por cristalizar o poder masculino na sociedade brasileira. Quanto, ao chargista [penso que o trabalho desses profissionais vão além do que, simplesmente, fazer as pessoas rirem, a ditadura que o diga] Nani não o conheço bem, logo, não fiz nenhum comentário a sua pessoa, esse foi direcionado ao uso que deram a caricatura feita por ele, que serviu como ensaio de um discurso pseudo-moralista.
Quanto a critica ao “programa” bolsa família, correto, na sua atual estrutura é um instrumento eleitoral, mas, convém lembrar que o próprio FHC se diz pai da criança, e, que o LULA, apenas, deu um banho e pôs roupas limpas. Sinceramente, não concordo com o modelo administrativo do Governo Federal em muitos pontos, inclusive, minha maior critica recai sobre a chamada governabilidade – qualquer semelhança com nosso estado é coisa do Polvo pop star – paciência, opção do governo, porém se pensarmos por outra óptica, possivelmente, se não fosse assim, o LULA estaria no governo ao final do segundo mandato? E se chegasse ao final do segundo governo sem os aliados, qual seria a avaliação dos seus dois mandatos?
Camarada Alexandre, você cita os favores prestados as elites pelo Governo Federal, se o governo fechasse as portas para essa classe ele não chegaria à condição de Presidente, é bom deixar claro, que não estou afirmando ser correta a escolha feita por ele, ou pelo partido, apenas, quero deixar claro que, talvez, esta seja a condição necessária para implantar alguns “programas” que se traduzam em ganhos efetivos para as classes menos favorecidas, a chegada do PAC, por exemplo, a região Nordeste representou um ganho que se traduz nas altas taxas de crescimento.

Vou citar um exemplo histórico, em 1954, o PCB criticava Getúlio de aliado dos americanos, de traidor, entre outros adjetivos e quando Getúlio morreu os trabalhadores queimaram a sede desse partido, logo, moral da história, as criticas não refletiam a opinião das massas sobre o governo, que por sinal soube com maestria conciliar interesses distintos, aliás, não sem razão, Getúlio foi o criador da CLT, da Petrobrás, da Companhia Siderúrgica Nacional, da Vale do Rio Doce e de conseguir de volta as reservas de ferro e manganês de Minas Gerais e da Estrada e Ferro Vitória-Minas, em poder dos ingleses. Portanto, Getúlio usou, assim como foi usado, os EUA para impulsionar a industrialização do país e, com isso, agradou aos oligarcas e aos trabalhadores, e com sua morte, a própria opinião pública percebeu que se tratava de um golpe contra o governo, por conseguinte, reservada as diferenças, vamos entender melhor o que o véu das críticas midiáticas, atuais, ao governo LULA e a candidatura de Dilma, escondem para não repetir o passado, como dizia o poeta Agenor de Miranda Araújo Neto, mais conhecido como Cazuza.

O governo do PT – como voce prefe chamar – tem engolido alguns sapos sem direito a copo d’água, concordo, todavia, minha avaliação hipotética pergunta a você, como estaria nossa categoria, se, ao invés de oito anos do governo LULA, estivessemos com mais oito anos de administração do PSDB à frente da Presidência da República, afinal, esqueces que foi no governo FHC que o projeto de privatização dos Correios foi enviado ao Congresso Nacional. Acredito, que se estivesssemos em um governo tucano estariamos assinando, a contragosto, um PVD [que também ocorre no final do governo LULA, mas seria ingenuidade achar que só porque o governo é do PT não precisamos nos mobilizar, a burguesia continua zelando por seus interesses], ou quem sabe uma rescissão contratual, ou ainda, migrando para outro regime trabalhista, como ocorreu com inumeros trabalhadores de estatais nos anos 90, a exemplo, VALE, TELEBRÁS, em sergipe, cito a Energipe, que tentar esconder o assalto aos sergipanos mudando o nome para ENERGISA, entre outros casos no país.

Portanto, a crise nos Correios é uma entre tantas crises vividas no país e no mundo e mais importante, nesse momento, que apontar os causadores é encontrar uma saída sem gerar muitos estragos na vida dos trabalhadores e da população, quanto as reclamações e a quem as escutam, isso tudo, são consequências e não as causas originarias, resolva a segunda e a primeira vem por tabela. Eu, particularmente, não vejo, num horizonte próximo, como resolver os problemas macros do nosso país – desigualdade em todos os sentidos, opressão, exploração humana, hierarquização social – e na nossa EBCT, fora do campo político, logo, independente de quem seja, PT, PSDB, PMDB, ou... precisamos aprender a fazer política para equilibrar a correlação de forças em choque no Brasil e em Sergipe, não podemos delegar esta tarefa a terceiros, afinal, a represa está rachada e não cabe delegar essa tarefa a terceiros, é preciso pericia para tamanha tarefa. E, vale lembrar, o PT tem o governo, não o poder, que são coisas bem diferentes, daí, talvez, sirva para explicar – não justifica – as alianças que garantem a governabilidade.

Para concluir, agradeço ao camarada Alexandre pela sinceridade e convicção com que expõe suas idéias, espero poder continuar debatendo essas questões e, por fim, tenho muito receio de que esteja enganado na minha avaliação, pois poderei estar prendendo peixinhos para os tubarões, por outro lado, não posso assistir alheio a morte dos meus. Afinal, tenho consciência que o governo é responsável, integralmente, por tudo que acontece na sua administração, porém, não é autor de tudo que ocorre, eis uma distinção sutil, e que me faz acreditar que, nesse momento, a continuidade é melhor que a mudança.


José Ailton Santos (Secretário de Política e Formação Sindical do SINTECT/SE).


quarta-feira, 7 de julho de 2010

O MOVIMENTO SINDICAL NOS ANOS 70 E 80 NO BRASIL.

Saudações Camaradas,

Em tempos de pasteurização intelectual e diante da inópia de Cursos de Formação para Dirigentes, Seminários, ou Fórum de Debates promovidos pela FENTECT, no intento de criar um espaço, onde os muitos dirigentes dos sindicatos filiados a esta entidade, pudessem discutir e debater temas pertinentes a classe trabalhadora nacional e mundial, os rumos do movimento sindical, as conseqüências dos últimos acontecimentos do mundo e seus reflexos na sociedade brasileira, claro que, traçando um paralelo com nossa categoria. Portanto, aproveito o oportuno momento de proximidade da Campanha Salarial deste ano, ou melhor, a iminência de mais uma batalha na constante luta contra a opressão e a desigualdade, em suas várias faces dentro da EBCT, para expor, em um enxuto, diminuto e quase informal texto, um pouco da história recente do movimento sindical brasileiro, abordando, particularmente, duas décadas de grande relevância para a sociedade brasileira.

As duas décadas em questão são 70 e 80, pois, na minha avaliação o movimento sindical brasileiro precisou de exatos, 20 anos, para sair da calmaria e emergir no cenário nacional com bastante força, refiro-me, especificamente, a 1968, quando ocorreram as primeiras greves em Contagem e Osasco até 1988 com a promulgação da Constituição Federal. Essa organização ocorreu, de fato, com tamanha rapidez, contudo mais importante que constatar esse fato é entender, quais fatores contribuíram para o sucesso do movimento sindical.

O primeiro fator ocorre muito antes dos anos citados, porém reflete, significativamente, nas décadas em questão, trata-se da herança da infra-estrutura administrativa presente nos sindicatos, proveniente dos anos 30 e implantada por Vargas e da calmaria que se abateu sobre as classes trabalhistas - devido às reformas trabalhistas desse governo, entre elas: a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, a criação da CLT, o Estatuto Padrão, entre outros – e da aceitação pela maioria dos sindicatos da política assistencialista do governo, que gastava enormes quantias em dinheiro para manter serviços médicos, odontológicos, laboratoriais, colônias de férias, etc.

Um segundo fator relevante foi a manutenção dessa estrutura sindical durante o Regime Militar, visto que, os militares não pretendiam extirpar o movimento sindical, mas, apenas, controlá-lo; pois a luta nesse momento era concentrada contra os estudantes, fato que possibilitou um acúmulo considerável de recursos, que no final dos anos 70 e durante toda década de 80 serviriam, justamente, com a estrutura que foi conservada do período Vargas, para patrocinar e organizar diversos encontros [João Monlevade, São Bernardo, Vitória, ENTOES] e greves das categorias trabalhistas envolvidas. Além desses aspectos, há a aproximação da Igreja Católica - ao menos das alas progressista, que eram envolvidas com os movimentos populares - com o movimento sindical, o que possibilitou a aproximação dos movimentos populares influenciados pela Igreja com os líderes sindicais chamados ‘autênticos’, ou ‘combativos’.

E por último, a cassação e exílio de inúmeras lideranças ligadas ao PCB e ao PTB, o que, por sua vez, possibilitou o surgimento de novas lideranças sem vínculos políticos com os comunistas, ou com a política de caráter Janguista, esses novos líderes estavam dispostas a ocupar, ou mesmo, construir um espaço na política e na economia do país, pois as lideranças tinham uma diferença essencial em relação aos antecessores, eram líderes envolvidos também com a luta social, isto é, eram trabalhadores, estudantes, partidários, mais também participavam das discussões na comunidade onde morava, eram líderes comunitários, faziam parte das associações de bairros. Logo, percebe-se que a luta era mais ampla e tinha como pano de fundo um projeto de sociedade, ou melhor, de democracia.

Todavia, o período necessário para organizar o movimento sindical é o mesmo que vê surgir várias correntes e tendências políticas, como a Unidade Sindical (US), que seguia orientação do PCB, PC do B e MR-8, os Sindicalista ‘combativo’, ou ‘autênticos’, ou ‘independentes’ que não tinham ligações partidárias e ficaram conhecidos pelo conflito direto com o Ministério do Trabalho, as Oposições Sindicais (OS), essa se caracterizava pela oposição que exercia aos dirigentes dos sindicatos considerados, a época, como acomodados, ou pelegos, ou se melhor preferir, governistas – qualquer semelhança com os dias atuais é mera casualidade – sua composição era bastante heterogênea, possuíam facções ‘obreiristas’ muito radical e até grupos da Igreja Católica envolvidos com as pastorais, e, por último, a Extrema Esquerda, que envolvia, desde pequenos partidos de cunho ideológico leninista até militantes de tendências mais extremas, que não faziam parte de nenhum partido político e possuíam idéias de construir um movimento sindical mais revolucionário.

Essas tendências e correntes político-ideológica irão formar as diversas centrais sindicais – CUT, CGT’s, USI – que surgem nos anos 80, apesar de algumas representarem mais siglas do que, verdadeiramente, entidades de luta e mobilização. A CUT, entre as centrais apresentadas, representa a Central mais duradoura e que, apesar de haver pessoas contrárias, teve maior capacidade de mobilização da história recente do país, não estou afirmando que continua sendo, afinal, minha análise recai, especificamente, sobre os anos 70 e 80, talvez, em outro momento, falaremos sobre os anos 90 e a primeira década do século XXI, no entanto, essas diferentes tendências protagonizaram um intenso debate ideológico, travado no interior do sindicalismo brasileiro, que decidiu os rumos do movimento sindical do país e sua posterior fragmentação, agravada ainda mais no final dos anos 80 com o surgimento de outras categorias profissionais de classe média universitária, a exemplo, professores, médicos, jornalistas, sem esquecer o funcionalismo público – os Correios, por exemplo – impedidos de formar sindicato antes de 88 e organizados em associações, que fazia pouco ou quase nada, em termos efetivos.

Concluo afirmando, que o movimento sindical dos anos 70 e 80, contribuíram e muito no desenho social e político da sociedade brasileira, porém, ainda precisa ser melhor estudado e debatido pelos trabalhadores, estudante, pesquisadores e, principalmente, pelos dirigentes responsáveis por conduzir o movimento sindical nesse inicio de século para, quem sabe, entender melhor onde erramos e acertamos,onde poderíamos ter feito mais e onde deixamos de avançar, afinal, os desafios atuais são complexos e precisamos estar atentos, quanto a seu funcionamento. Arisco-me a dizer, e, talvez, seja um pensamento precipitado, mais acredito que o movimento sindical brasileiro não soube tirar proveito do poder político e econômico que exerceu nos anos 70 e 80, quando não foi capaz de alterar a estrutura sindical, que subordina os sindicatos a tutela dos poderes do Estado – Executivo, Legislativo e Judiciário – afinal, até hoje, precisamos recorrer ao Ministério do Trabalho para adquirir reconhecimento, bem como a Justiça do Trabalho para resolver questões trabalhistas. Torço para que esteja criticando um processo histórico, que se encontra em fase de transição, e caso essa seja a leitura mais acertada, teremos que esperar para descobrir, pois só o tempo dirá, mas, enquanto esse processo não chega a sua fase de maturidade, penso ser de vital importância debater e construir novas idéias e quem sabe, novas ideologias, se é que estas existem.



José Ailton Santos

(Secretário de Política e Formação Sindical do SINTECT/SE)