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terça-feira, 13 de julho de 2010

PARTIDÁRIOS DE QUEM...

Caro Alexandre,

Permita-me insistir no debate, primeiramente, gostaria que falasse um pouco mais sobre o que você acreditar e entende por Democracia Liberal, pois, quero não acreditar que esse troço, que envolve palavras tão antagônicas como Democracia e Liberalismo, seja simplesmente, “cada qual vota em quem quiser de acordo com seus princípios e inteligência e sem ter que dar satisfação a ninguém”. Sinceramente, pensar que num país onde 54 milhões de pessoas – não posso, nem chamar de cidadão – vivem abaixo da linha da pobreza, miséria total, sem falar que estou me referindo a quase um terço da população brasileira, e, daí a pensar que esses se encontram em condições de discernir qual candidato é melhor para o país, talvez, o amigo desconheça o mundo da semiótica dos discursos publicitários, da informação e contra informação.
Eu pergunto a você, o que leva tantos homens – e, recentemente, vem crescendo o número de mulheres - a consumirem tanta cerveja e cigarro? Permita-me mais uma vez viajar pelo mundo fascinante da especulação – de fato, não dar para saber como seria um governo Nazista pós 2ª Guerra, afinal, não foi esse o resultado, mas pelas características, ideologia, e pelos anos do governo de Hitler dar para imaginar como... ou melhor, não é bom nem imaginar – porque será que existem campanhas publicitárias de cerveja e, costumeiramente, sempre associadas a imagem da mulher como elemento central? Será pelo elemento da sedução? Se as pessoas bebem cerveja, porque é fruto de uma escolha individual e que "não tem que dar satisfação a ninguém", porque será que as cervejarias e a indústria do cigarro investem – é assim que consideram, como um investimento - tanto em publicidade.
Caro Alexandre, desde nossas falas, nesse simples dialogar, até os discursos políticos partidários, todos estão carregados de intenções e significados, que às vezes os ignoramos e reproduzimos inconscientemente. Daí, pensar que precisamos investigar melhor os fenômenos que envolvem os Discursos, para que possamos extrair as idéias claras e as que se apresentam de forma implícita, ou subentendida.
Então, não podemos ser ingênuos ao ponto de achar, que certos problemas não são resolvidos “porque, simplesmente, não há interesse em resolvê-los”, ora, interesses é o que não faltam, e são os mais variados possíveis, o problema é conciliar esses interesses e de quebra realizar o pretendido, pois tudo depende da correlação de forças em jogo no momento. Talvez, isso também está no mundo fascinante da especulação, o LULA até tenha interesse em fazer o projeto social defendido por seu governo, a questão é que a realização desse projeto entra em choque com os interesses das forças, que são condições sine qua non para a existência do governo do PT.
Por fim, no tocante a questão do sucesso administrativo do grupo do sindicato da nossa categoria, segundo sua opinião, é fruto dos dirigentes se manterem apartidários e livres, abro um parêntese, apartidários nunca fomos, apenas, não éramos, nem somos filiados a nenhum partido político, já, quanto ao fato de sermos livres – liberdade é uma coisa, que se a possuímos corremos risco e, se não a temos, estamos na mesma situação – penso que seja o ponto fundamental e que se traduz em não subordinar os interesses da categoria em detrimento do partido, ou pessoa. Contudo, não posso deixar de reconhecer que nossa luta, a partir do momento em que ignorarmos os políticos, os partidos, ou as siglas, será limitada, porque todas as questões se resumem a política, como bem disse Aristóteles, todo homem é por natureza um animal político, Zoon Politikon. O fato fundamental para expandir os horizontes da nossa categoria, seria, com quem e em que condições, podemos estabelecer aproximações com políticos, ou com partidos políticos, talvez, se os trabalhadores dos Correios fossem mais politizados, difícil seriam nos manter “apartidários” e “livres” da política em qualquer esfera.

 
Um forte abraço,
José Ailton





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