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domingo, 11 de julho de 2010

DILMA, SERRA E A CHARGE PROSTITUTA DO NANI.

Prezado Alexandre,


Poderia começar dizendo que não sou filiado ao PT, tão pouco, a outra sigla, contudo prefiro começar afirmando, que sou, inevitavelmente, partidário, e como tal, prefiro o Governo em exercício em lugar do governo anterior, ou mesmo, ao candidato atual do PSDB, logo, metaforicamente, prefiro pão com ovo no café da manhã a ficar em jejum.
Bem, vejamos, não discordo de você sobre o fato dessa discussão está relacionada a nossa luta – inclusive, sou defensor de que seja feito um trabalho sério de formação político-eleitoral com nossa categoria - porém, não vejo problema, quanto ao fato da prostituição passar a ser uma profissão, penso, que, no mínimo, vai garantir direitos sociais e previdenciários a um grande número de mulheres, ou melhor, “profissionais do sexo”, talvez, sua opinião reflita um conservadorismo classista, que vêem perpetuando injustiças sociais e que reforça um (pré)conceito em relação as mulheres, o que contribui por cristalizar o poder masculino na sociedade brasileira. Quanto, ao chargista [penso que o trabalho desses profissionais vão além do que, simplesmente, fazer as pessoas rirem, a ditadura que o diga] Nani não o conheço bem, logo, não fiz nenhum comentário a sua pessoa, esse foi direcionado ao uso que deram a caricatura feita por ele, que serviu como ensaio de um discurso pseudo-moralista.
Quanto a critica ao “programa” bolsa família, correto, na sua atual estrutura é um instrumento eleitoral, mas, convém lembrar que o próprio FHC se diz pai da criança, e, que o LULA, apenas, deu um banho e pôs roupas limpas. Sinceramente, não concordo com o modelo administrativo do Governo Federal em muitos pontos, inclusive, minha maior critica recai sobre a chamada governabilidade – qualquer semelhança com nosso estado é coisa do Polvo pop star – paciência, opção do governo, porém se pensarmos por outra óptica, possivelmente, se não fosse assim, o LULA estaria no governo ao final do segundo mandato? E se chegasse ao final do segundo governo sem os aliados, qual seria a avaliação dos seus dois mandatos?
Camarada Alexandre, você cita os favores prestados as elites pelo Governo Federal, se o governo fechasse as portas para essa classe ele não chegaria à condição de Presidente, é bom deixar claro, que não estou afirmando ser correta a escolha feita por ele, ou pelo partido, apenas, quero deixar claro que, talvez, esta seja a condição necessária para implantar alguns “programas” que se traduzam em ganhos efetivos para as classes menos favorecidas, a chegada do PAC, por exemplo, a região Nordeste representou um ganho que se traduz nas altas taxas de crescimento.

Vou citar um exemplo histórico, em 1954, o PCB criticava Getúlio de aliado dos americanos, de traidor, entre outros adjetivos e quando Getúlio morreu os trabalhadores queimaram a sede desse partido, logo, moral da história, as criticas não refletiam a opinião das massas sobre o governo, que por sinal soube com maestria conciliar interesses distintos, aliás, não sem razão, Getúlio foi o criador da CLT, da Petrobrás, da Companhia Siderúrgica Nacional, da Vale do Rio Doce e de conseguir de volta as reservas de ferro e manganês de Minas Gerais e da Estrada e Ferro Vitória-Minas, em poder dos ingleses. Portanto, Getúlio usou, assim como foi usado, os EUA para impulsionar a industrialização do país e, com isso, agradou aos oligarcas e aos trabalhadores, e com sua morte, a própria opinião pública percebeu que se tratava de um golpe contra o governo, por conseguinte, reservada as diferenças, vamos entender melhor o que o véu das críticas midiáticas, atuais, ao governo LULA e a candidatura de Dilma, escondem para não repetir o passado, como dizia o poeta Agenor de Miranda Araújo Neto, mais conhecido como Cazuza.

O governo do PT – como voce prefe chamar – tem engolido alguns sapos sem direito a copo d’água, concordo, todavia, minha avaliação hipotética pergunta a você, como estaria nossa categoria, se, ao invés de oito anos do governo LULA, estivessemos com mais oito anos de administração do PSDB à frente da Presidência da República, afinal, esqueces que foi no governo FHC que o projeto de privatização dos Correios foi enviado ao Congresso Nacional. Acredito, que se estivesssemos em um governo tucano estariamos assinando, a contragosto, um PVD [que também ocorre no final do governo LULA, mas seria ingenuidade achar que só porque o governo é do PT não precisamos nos mobilizar, a burguesia continua zelando por seus interesses], ou quem sabe uma rescissão contratual, ou ainda, migrando para outro regime trabalhista, como ocorreu com inumeros trabalhadores de estatais nos anos 90, a exemplo, VALE, TELEBRÁS, em sergipe, cito a Energipe, que tentar esconder o assalto aos sergipanos mudando o nome para ENERGISA, entre outros casos no país.

Portanto, a crise nos Correios é uma entre tantas crises vividas no país e no mundo e mais importante, nesse momento, que apontar os causadores é encontrar uma saída sem gerar muitos estragos na vida dos trabalhadores e da população, quanto as reclamações e a quem as escutam, isso tudo, são consequências e não as causas originarias, resolva a segunda e a primeira vem por tabela. Eu, particularmente, não vejo, num horizonte próximo, como resolver os problemas macros do nosso país – desigualdade em todos os sentidos, opressão, exploração humana, hierarquização social – e na nossa EBCT, fora do campo político, logo, independente de quem seja, PT, PSDB, PMDB, ou... precisamos aprender a fazer política para equilibrar a correlação de forças em choque no Brasil e em Sergipe, não podemos delegar esta tarefa a terceiros, afinal, a represa está rachada e não cabe delegar essa tarefa a terceiros, é preciso pericia para tamanha tarefa. E, vale lembrar, o PT tem o governo, não o poder, que são coisas bem diferentes, daí, talvez, sirva para explicar – não justifica – as alianças que garantem a governabilidade.

Para concluir, agradeço ao camarada Alexandre pela sinceridade e convicção com que expõe suas idéias, espero poder continuar debatendo essas questões e, por fim, tenho muito receio de que esteja enganado na minha avaliação, pois poderei estar prendendo peixinhos para os tubarões, por outro lado, não posso assistir alheio a morte dos meus. Afinal, tenho consciência que o governo é responsável, integralmente, por tudo que acontece na sua administração, porém, não é autor de tudo que ocorre, eis uma distinção sutil, e que me faz acreditar que, nesse momento, a continuidade é melhor que a mudança.


José Ailton Santos (Secretário de Política e Formação Sindical do SINTECT/SE).


Um comentário:

  1. cuiudado com tanta ideologia pois quando cazuza disse ideologia quero para viver já estava morrendo

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