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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

À FENTECT e aos Sindicatos Filiados A/C: Comando Nacional dos Trabalhadores em sua maioria

Ao fazer um balanço do movimento grevista ao longo desses 10 (dez) dias se deparei com o significado de uma palavra, que a muito vem sendo gasta e adquirindo uma conotação pejorativa, claro que isso não é fruto de um desgaste inocente e desinteressado, afinal esta palavra em questão possui um poder transformador imensurável na mente das pessoas que a adotam como projeto de vida ou como projeto coletivo. As pessoas, ultimamente, têm se recusado a pronunciá-la em espaços e/ou eventos públicos com receio de serem ignoradas, ou chamados de loucos, fato que tem gerado certa timidez naqueles que a incluem em seus discursos.
A palavra em questão é UTOPIA, atualmente, conceituada como algo ligado a tudo que é fantasioso ou oposto ao mundo real; prefero conceituá-la como a entendo e vivo, pois para mim as utopias não são, apenas, imagens vivas na nossa cabeça, que se opõe à realidade existente, mas imagens que aumentam a esperança de se alcançar situações melhores e que provocam o engajamento dos trabalhadores para a superação das circunstâncias presentes, afinal, como diz o ditado popular: “que move o mundo não são as coisas, mas as pessoas”, ou melhor o desejo íntimo das suas idéias. Num passado bem próximo, achar que um simples metalúrgico pudesse vir a ser Presidente da República era algo utópico, e, talvez, se LULA – entenda como o produto do interesse de um grupo político e econômico - não tornasse isso possível, as pessoas continuassem acreditando ser utópico tal projeto.
O que quero dizer com estas digressões é que não há nada no mundo material, que antes mesmo de existir, já não houve sido criado no mundo das idéias, na cabeça dos pensadores, e, por que não dizer no mundo utópico dos homens; os direitos políticos e sociais, individuais ou coletivos, advindos da Constituição de outubro de 1988, antes de existir no texto constitucional, já haviam sido criados no mundo utópico dos homens e mulheres – estudantes, intelectuais, políticos, lideres de comunidades, operários, trabalhadores rurais, negros, índios e outros – contrários ao regime autoritário dos militares.
Leonardo Boff, em seu livro intitulado a águia e a galinha, relata o diálogo entre um naturalista e um homem que criava uma águia em meio as galinhas, porém, na verdade, a discussão tinha como pano de fundo a natureza humana, onde a galinha representa o limitado, o cotidiano, o enraizamento, a dependência, enquanto a águia representa o ilimitado, o infinito, a liberdade, o poético, o desejo. Neste momento peço aos DIRIGENTES SINDICAIS que reflitam sobre o que cada um representa para si mesmo e para os trabalhadores das suas respectivas bases, A ÁGUIA OU A GALINHA? Quero dizer aos camaradas de todo o país, que os trabalhadores dos CORREIOS do estado de SERGIPE são águias em essência, portanto, tudo aquilo que somos em essência, querendo ou não, jamais deixaremos de ser. Por isso, camaradas – principalmente aqueles que se mantém firmes na mobilização GREVISTA - abramos nossas asas e vamos alçar vôos cada vez mais altos em rumo ao infinito (a conquista das nossas reivindicações).
Não podemos desistir da luta, e digo isso em memória dos milhares de operários anônimos aniquilados nas ruas de Xangai em 1927; dos milhares de mineiros bolivianos assassinados em Catavi em 1949; dos milhões de obreiros, lavradores e comunistas massacrados na Indonésia em 1965, dos milhares de brasileiros mortos durante os regimes ditatoriais do século XX, a exemplo da ditadura militar, pois sem o exemplo destes homens e mulheres, sem o seu exemplo de firmeza e heroicidade seria muito mais difícil concebermos um mundo e futuro melhor para as nossas crianças, enfim, não podemos parar de alimentar nossas utopias, do contrário, nossos irmãos da Ásia, África e da América Latina continuarão sendo expropriados e porque não dizer, roubados pelos contemporâneos colonizadores imperialistas, logo, como dizia Paulo Freire, não basta tentarmos mudar as pessoas é preciso lutar para acabar com a ideologia opressora que reproduz o ciclo de dominação, a qual impele os oprimidos a desejarem ser um dia opressor de si próprio, talvez, seja por isso, que tantos dirigentes sindicais ao atingirem um posto de comando, onde poderiam mudar a realidade opressora que tanto o oprimiu, optam por reproduzi-la, ao invés de combatê-la. Exemplos como estes servem perfeitamente para CANTOARA, ex-secretário Geral da FENTECT, RIVALDO (o acerola, vale por 10 laranjas) atual secretário geral, Zélia, secretaria de finanças, Marcos Santagda, os03(três) pelegos do COMANDO DE NEGOCIAÇÕES e tantos outros dirigentes que atropelam as decisões das bases e de maneira truculenta abortam greves regionais, como foi o caso do Rio de Janeiro e São Paulo. É o peixe de rio, que sonha em nadar no mar, sem atentar que as águas salgadas não foram feitas para ele, oportunismo simplista e precipitado, verdadeira ideologia reprodutora de opressão.
Meu apelo, nesse momento, se destina aos dirigentes sindicais e trabalhadores que se encontram em greve, afinal, ainda temos condições de melhorar esta proposta do TST, pois a mesma não nos beneficia em nada, provo essa declaração a partir de razões óbvias contidas nas clausulas do Acordo: c) “fica ajustada a não-concessão de aumento real no período de agosto de 2010 a julho 2011”, ou seja, FICA MANTIDO O ACORDO BIANUAL, sou veementemente contrário a aprovação desta proposta; e outro ponto: i) “compensação das horas de paralisação, em virtude de participação no movimento grevista” é realmente incrível acreditar que os camaradas de outros sindicatos aprovaram tamanho absurdo, RASGARAM A CARTA CONSTITUCIONAL, FERIRAM A MEMÓRIA DE MILHÕES DE PESSOAS QUE DERAM A VIDA PARA ADQUIRIR ESTES DIREITOS, QUE VOCÊS HORA IGNORAM. Acredito que os camaradas ao aprovarem a proposta legitimaram discursos como o do pré-candidato à presidência da República, CIRO GOMES, quando declara ser radicalmente contra a GREVE EM SETORES ESSENCIAS, estava se dirigindo a greve nos correios, apesar dos serviços postais não estar presente na lista dos 10 (dez) serviços essencial presentes na Lei n°7.783/89 (Lei de Greve).
Agora, quero me dirigir ao camarada Heitor Fernandes, camarada que tenho grande admiração pela sagacidade e bravura com que enfrentou os problemas da categoria até o momento, mas que foi infeliz ao manifestar nota desmotivadora e que apela para acabar a greve. Caro Heitor, esperava mais da sua pessoa, no mínimo, que entendesse ser um momento delicado onde os trabalhadores de alguns estados são esmagados em suas reivindicações por dirigentes que atendem a interesses políticos partidários, a exemplo, dos sindicatos da corrente CTB, atrelados ao PC do B; ou mesmo, que você respeitasse a vontade dos estados que acreditam ser precipitada a aceitação da proposta da maneira como estar posta, espero que esta sua nota não atinja o fim desejado por você.
Os trabalhadores de SERGIPE irão continuar mobilizados até o momento em que a empresa retirar a proposta de acordo BIANUAL E ABONE OS DIAS PARADOS – inclusive o dia 14 de agosto, gravado em SERGIPE como o dia da Traição – ou mesmo até o momento em que a EBCT atinja o mínimo necessário de aprovação, que seria de 18sindicatos favoráveis a proposta oferecida.
Os trabalhadores de Sergipe a partir desta atitude visam mostrar, que o GIGANTE TEM PÉS DE BARRO e que as formigas são capazes de derrubar um elefante, basta que unidas e em número necessário estas mesmas formigas cavem o terreno embaixo dos pés do elefante e o mesmo será engolido, pois seu peso provocará o afundamento do mesmo.
Juntos somos fortes e sendo utópicos somos transformadores da nossa realidade social, camaradas vamos ser protagonistas no processo de mudança e não expectadores de uma realidade cruel.

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